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Pai de Aço e os Filhos do Morro: a resistência que brota na periferia de Palmas

  • Foto do escritor: Popular do Norte
    Popular do Norte
  • 5 de set.
  • 2 min de leitura

Para superar as desigualdades, a periferia de Palmas constrói caminhos de força, educação e esperança.

No alto do Morro do Água Fria, bairro periférico de Palmas, nasceu um projeto social que mistura resistência, afeto e luta por dignidade. A comunidade convive diariamente com a ausência de direitos básicos como saneamento, energia regularizada, coleta de lixo e asfalto. É nesse cenário que a casa do Otávio, se transformou em ponto de esperança para dezenas de crianças e adolescentes.


Otávio é conhecido como Pai de Aço, apelido que nasceu em 2016 depois de um acidente que o deixou em cadeira de rodas. Ele conta que precisava mostrar força aos filhos pequenos, que naquele momento não podia “demonstrar fraqueza”. O nome se tornou símbolo da resistência que ele carrega e que hoje dá identidade ao projeto social Pai de Aço e os Filhos do Morro.


A ideia começou de forma despretensiosa. Recém-chegado à comunidade, Pai de Aço percebeu a ausência de opções de lazer e de perspectivas para as crianças. Aos poucos, a iniciativa cresceu. “Os Filhos do Morro” são todas as crianças do bairro que encontram no espaço uma alternativa à solidão das ruas, às drogas e à violência que historicamente rondam a periferia.


Hoje, o projeto oferece atividades de capoeira e jiu-jitsu, ministradas por professores que contribuem voluntariamente para o desenvolvimento das crianças. O esporte, aqui, vai além do movimento físico: funciona como disciplina, aprendizado coletivo e principalmente como acesso a algo que, para a realidade desses jovens, seria impensável. “A maioria dos pais não teria condições de pagar uma atividade dessas”, explica Otávio.


Os resultados aparecem nas pequenas mudanças do dia a dia. Crianças que antes brigavam ou xingavam agora encontram outras formas de se expressar. Há quem tenha descoberto no esporte uma paixão; há quem tenha, pela primeira vez, enxergando um futuro diferente daquele imposto pelas condições da comunidade. O projeto tem como principal objetivo, abrir portas para que essas crianças possam sonhar com um futuro diferente daquele que o sistema opressor e racista impõe a eles.


A manutenção do projeto depende da solidariedade e voluntariado. O próprio Otávio organiza doações de alimentos, lanches e pequenas contribuições para manter as atividades e comemorar datas importantes para as crianças como Natal, Páscoa ou Dia das Crianças. “Sou um morador comum, corro atrás de tudo”, resume.


Apesar das dificuldades, o futuro é sonhado com esperança. O objetivo é regularizar a ONG, conquistar patrocínios, ampliar o espaço para atender mais crianças e também seus pais, com atividades de artesanato, culinária e até aulas de zumba. “A ideia é crescer junto com a comunidade. O espaço é simples, é a minha própria casa, mas é daqui que a gente planta esse incentivo”, afirma.


O projeto Pai de Aço e os Filhos do Morro é um ato político, é a prova de que a periferia se organiza e constrói alternativas de vida onde o Estado se ausenta. Em meio às ladeiras de terra do Água Fria, Otávio mostra que resistir é também educar, partilhar e sonhar coletivamente.


Por: Isabela Enumo.

 
 
 

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